A Uefa anunciou hoje a renovação do acordo com a Globo para a transmissão da Liga dos Campeões da Europa (leia aqui). O negócio, válido até 2015, serve de lição para o que poderia ter sido feito na negociação entre clubes e emissoras pelos direitos do Campeonato Brasileiro.
No anúncio feito na manhã desta quinta-feira, a Uefa explica que, até as quartas-de-final, a Band, que sublicenciou os direitos, fará a transmissão da primeira escolha do jogo de quarta-feira. A partir das quartas, Globo e Band dividem a transmissão do jogo que escolherem para a rodada. Além disso, durante a competição, a Globo é obrigada a fazer matérias sobre os jogos, enquanto a Band tem de exibir o pacote com os melhores momentos de cada rodada.
Sim, você não leu errado. As emissoras são obrigadas, por contrato, a fazerem essa entrega editorial dentro da programação.
Foi esse tipo de poder de barganha que os clubes brasileiros jogaram no lixo quando abriram mão da negociação coletiva dos direitos de transmissão do Brasileirão. A Uefa é quem negocia a transmissão da Liga dos Campeões, e não os clubes participantes do torneio. Com isso, o maior interesse é pelo aumento da audiência da competição e, claro, a geração de maior receita com a venda desses direitos.
Por ser a dona dos direitos de transmissão, a Uefa consegue, também, impor as regras para que seja feita a exibição das partidas e, ainda, a entrega editorial de promoção do torneio. Dessa forma, fica muito mais fácil negociar pensando num objetivo comum do que tentando adequar pensamentos e necessidades de mais de uma dezena de equipes.
Sem um pensamento único, os clubes brasileiros perderam o poder de obrigar as emissoras a transmitirem o evento esportivo de maneira que o produto se tornasse melhor. Enquanto a Uefa faz um acordo pensando na ampliação da audiência de seu principal torneio em território brasileiro, os clubes do país simplesmente olham para a necessidade de fluxo de caixa e esquecem de fazer um acordo em que todos consigam sair fortalecidos.
O acordo entre Uefa e Globo bem que poderia ter sido feito há meio ano. Quem sabe assim os clubes do país abririam os olhos a tempo de ver o desserviço prestado para aquilo que há de mais valioso hoje por aqui, que é o Campeonato Brasileiro. Um dos maiores motivos para o sucesso da geração de receitas nos clubes da Europa foi a transformação da Liga dos Campeões num objeto de desejo de consumo de todo o mundo.
Por aqui, pelo menos até 2015, não haverá nem ao menos quem pense num campeonato, de fato, brasileiro.
por Erich Beting às 17:09
Fonte: http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2011/09/08/o-que-o-acordo-uefa-globo-teria-a-ensinar-ao-brasil/
Fica mais um aprendizado, deve haver maior transparência nos negócios esportivos no Brasil, senão continuaremos a ser mero celeiro de craques.
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