sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Esportes com ajuda "global"

É notória a influência que a mídia, de uma maneira geral, tem no desenvolvimento do esporte no país. Ela é responsável por levar as mais diversas informações para milhares de leitores e telespectadores. No caso da Rede Globo, a que mais investe no esporte nacional, há outro lado da moeda que desagrada, e muito, profissionais de outras modalidades que não o futebol. Recentemente, o empresário João Paulo Diniz criticou abertamente a Rede Globo por não divulgar os patrocinadores de atletas olímpicos. Ainda assim, o problema continua.

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Hoje, o investimento privado no esporte ultrapassou a marca de R$ 2.5 bilhões de reais, mas com o futuro esportivo do país, este valor tende a crescer significativamente. Porém, é necessário que a mídia se torne aliada do esporte, que caminhe em conjunto, visando este crescimento financeiro.

Os investimentos das mídias no esporte representam a maior parte de suas receitas. A televisão é o meio de maior influência, tanto mercadológico, quanto financeiro nas equipes. Esta exposição gerada pela TV reflete em novos e melhores patrocínios para elas, que passam a planejar melhor sua temporada e auxilia no processo de crescimento da modalidade. Se falarmos de esportes como o basquete, vôlei, tênis e automobilismo, esta dependência aumenta.

Basquete: Desde a criação do Novo Basquete Brasil, através da LNB, voltou a ter boa relevância no cenário nacional. A Globo, visando este crescimento, adquiriu a cota de transmissão e passou a oferecer para parceiros. Eletrobrás e Caixa são duas das parceiras atuais da NBB. Porém, somente este ano que a Globo deu importância ao basquete. Ela transmitiu o Jogo das Estrelas e as finais do campeonato.

Para 2012, ela irá além. Diferentemente de 2009,2010 e 2011, onde as finais foram disputadas em melhor de cinco jogos, em 2012, por exigência da Globo, ocorrerá em apenas um. Ruim para a torcida, acostumada a um modelo leal e natural de disputa, bom para as equipes envolvidas, que com maior exposição criam maior interesse das empresas e as auxilia no processo de expansão do esporte. O presidente da LNB, Kouro Monadjemi, sintetizou a situação:  "não adianta ter um campeonato perfeito que ninguém investe, se tivermos que sacrificar o lado técnico pelo econômico, vamos fazer".

Vôlei: justiça seja feita, o vôlei brasileiro é um dos que mais abocanha títulos internacionais no país. Naturalmente, a Globo possui as cotas de transmissão da SuperLiga, que tem a maioria dos seus jogos transmitidos pela Sportv. Nas finais, a emissora carioca exerce seu direito e transmite para todo o país, o que é de bom grado para as equipes. Com a seleção, o cenário é diferente. A Liga Mundial de Vôlei é inteiramente transmitida em TV aberta. Esta popularidade, aliada a gerações vitoriosas desde a década de 80, contribui para que o vôlei brasileiro seja visto com outros olhos por empresas e fãs do esporte. A CBV é grande aliada da Globo neste processo.
Tênis: diante de dois cenários que possam servir de exemplo de como a Globo tem influência no crescimento dos esportes, o tênis segue fora da grade da emissora. Quem quiser acompanhar o tênis no Brasil, o único caminho é a TV fechada. Isso prejudica melhores investimentos no esporte, que sofre para conseguir títulos de expressão, apoio para competições e surgimento de novos ídolos. Gustavo Kuerten, vencedor que foi, teve total apoio da Rede Globo, que aliada aos títulos de ponta do atleta, constantemente fazia reportagens e cobertura dos seus jogos. O cenário do tênis na TV aberta não poderia ser mais pessimista, com isso, o maior volume dos investimentos no mercado não pega o caminho da modalidade.

Se ela é fundamental para o crescimento e investimentos no esporte, a Globo tem seu lado negativo, prejudicial e que pode acarretar até em extinção das equipes. Muito natural no vôlei e basquete, as empresas adquirem o direito de nomear as equipes, que passar a se chamar, por exemplo, Sollys/Nestlé. Porém, a Globo veta qualquer menção de empresas a nome de equipes, que acabam sendo chamadas pelo nome da cidade e não pelo da empresa. Sem falar nas tradicionais entrevistas pós-jogos, em que a câmera fecha no rosto do atleta e tira toda exposição do patrocinador. Isso se aplica também ao futsal e automobilismo.

Equipes tradicionais já encerraram suas atividades alegando problemas com o veto, que não tendo colaboração da TV, perdem o apoio dos seus patrocinadores e se veem obrigadas a fechar as portas. No vôlei, casos conhecidos de extinção são aplicados ao Finasa, Brasil Vôlei e Unisul.

Além da censura ao nome, fica a dúvida para uma total mudança de cultura e implementação de ferramentas muito tradicionais do marketing esportivo, como o naming right (direito sobre o nome) e title sponsor (patrocínio ao título).

Para os eventos que o país receberá em 2014 e 2016, não podemos ficar presos a modelos antigos e monopólios de transmissão. Se as modalidades e o mercado esportivo brasileiro desejam crescer, que se comece com maior liberdade das empresas em relação às transmissões. Equilíbrio é fundamental, e um esporte consolidado, também é do seu interesse, Rede Globo.
* Eduardo Esteves é consultor de marketing esportivo.
http://br.esportes.yahoo.com/noticias/-opini%C3%A3o--esportes-com--ajuda--global.html?page=2

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